Algumas práticas simples ajudam a superar a resistência que as pessoas têm diante do novo.
O mundo tende à inércia. As empresas tendem à inércia. As pessoas tendem à inércia. Se você colocar um livro sobre a mesinha que fica em seu quarto, fechar a porta e ninguém mais mexer nele pelos próximos cinquenta anos, pode ter certeza de que o objeto em questão ainda estará no mesmo lugar depois deste tempo.
É difícil encontrarmos hoje em dia pessoas que discursem em prol da manutenção do velho jeito de fazer as coisas – sejam elas quais forem –, contudo a verdade é que poucos indivíduos realmente apreciam mudar, mesmo que o novo tenha tudo pra ser melhor do que a situação presente. O medo de perder o controle das coisas é assustador na maior parte das vezes.
É por isto que muita gente na empresa em que você trabalha concorda com os projetos que são apresentados, dizem que darão o sangue por eles, mas assim que podem tiram o corpo fora de fininho, especialmente se outras pessoas já tiraram o delas e nada de ruim lhes aconteceu. Então, como vencer a inércia em processos de mudança?
Se você quer enfrentar uma resistência menor durante os processos de mudança que estão sob a sua responsabilidade, procure seguir algumas práticas que realmente funcionam:
1) Não comece nada enquanto estiver eufórico. Alguns líderes se empolgam demais com as promessas do novo – aquilo que chamo de “visão exageradamente cor-de-rosa” – e assim que as primeiras dificuldades aparecem logo acabam esmorecendo por estarem despreparados. Antes de iniciar qualquer movimento de mudança, coloque-se no lugar de quem não irá gostar muito da proposta, analise friamente todos os aspectos que poderão suscitar discordâncias e desenvolva argumentos objetivos para refutá-los.
2) Mostre como a empresa ganha dinheiro com a mudança. Se você conseguir provar que a iniciativa reduz os custos ou ajuda a aumentar as receitas do negócio, é difícil imaginar que alguém vai se opor à mudança em curso. Além disso, a diretoria passará a amá-lo.
3) Angarie patrocinadores. É incrível como ainda hoje em dia algumas pessoas acreditam que podem ser os grandes arquitetos da mudança sem conquistar aliados para as suas causas. Toda iniciativa importante cedo ou tarde vai desacomodar alguém cujo poder é suficiente para paralisar tudo de bom que você propõe. É melhor envolver esta pessoa o quanto antes ou estará contando demais com a sorte.
4) Não reivindique a autoria. Não torne a mudança uma vitória pessoal ou da sua área. Muitas vezes vejo que alguns projetos não vão pra frente porque seus idealizadores ficam papagaiando a autoria, quando deveriam fazer com que ela fosse vista como uma iniciativa de todos. Quem adora os holofotes só atrai inveja e inimigos.
5) Derrube a descrença generalizada ou é você quem cairá. Algumas outras iniciativas já testaram a boa vontade das pessoas antes da mudança que está propondo agora e, dependendo do resultado delas, muita gente não levará a sério aquilo que você diz. Se isto acontecer, só restará uma saída: dê sinais inequívocos de que o mundo novo veio pra ficar. A credibilidade do discurso e a reputação de quem lidera a mudança às vezes são mais importantes do que aquilo que se quer alcançar de fato.
6) Comece pelas pequenas coisas. Algumas transformações levam um bom tempo para acontecer nas empresas porque não é de uma hora para a outra que você conseguirá provar às pessoas que aquilo que faziam até agora já não é mais tão bom assim. Se você quer criar um clima favorável para que se motivem a tentar, inicie a jornada buscando feitos que não impliquem muitos riscos. Isto é, escolha algumas mudanças que até podem não ser relevantes, mas abrirão as mentes do seu time para aquilo que você realmente quer.
7) Celebre todas as vitórias. Não deixe de comemorar cada novo passo dado e compartilhe os méritos com quem esteve contigo durante as batalhas. Aquele que deixa de festejar as conquistas do presente com os aliados amanhã certamente chorará as derrotas sozinho.
Sei que isto tudo parece um desfile de obviedades, mas se você parar para analisar com atenção, verá que a maior parte das pessoas que precisam tocar mudanças não costuma praticá-las.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.