Já escutei essa pergunta algumas vezes e a resposta é: depende. Eu sei que consultores dizem isso com frequência, mas o fato é que existem duas questões críticas a serem avaliadas antes de um posicionamento certeiro: 1) Qual foi o motivo da saída do funcionário na época?; e 2) Por que você acredita que o retorno dele pode ser bom para a empresa?
Algumas companhias têm por regra não recontratar colaboradores em hipótese alguma. E elas agem assim para que as pessoas pensem duas vezes antes de pedir desligamento. Afinal de contas, algumas regiões oferecem tantas boas opções de emprego – com crise ou sem crise – que os profissionais saem por R$ 50 a mais no holerite. Com medidas assim, elas controlam um pouco a rotatividade interna.
Por outro lado, a maior parte das empresas aceita o reingresso pensando em seus potenciais benefícios. O colaborador já conhece a cultura da empresa e os processos internos, sabe quais produtos e serviços sustentam o negócio e tem vínculo com vários dos colegas de trabalho, facilitando a integração. E é claro, a empresa também sabe o que esperar do colaborador, especialmente quando ele retorna para ocupar um papel semelhante àquele que já desempenhou no passado.
Entretanto, não é porque o profissional trabalhou anteriormente na empresa que já vai chegar performando. Quase todo mundo precisa de tempo para entrar em velocidade de cruzeiro, ainda mais se algumas mudanças sensíveis ocorreram desde que ele deixou a companhia.
Outra coisa importante na hora de pesar os prós e contras da recontratação é o histórico da pessoa na empresa. Se o desempenho dela não era lá essas coisas antes, o que leva você a acreditar que a partir de agora será tudo diferente?
Diante disso tudo, quando vale a pena e quando é muito arriscado recontratar um ex-funcionário:
A recontratação é uma boa ideia
- Se a demissão ocorreu por necessidade de redução de custos e o profissional fazia bem seu trabalho.
- Quando o trabalhador recebeu uma oferta do mercado, cumpriu seu papel antes de sair (não largou tudo e foi embora), quer retornar e quase todo mundo torce pela volta dele.
- Se o profissional já está há algum tempo fora da companhia e as experiências que adquiriu serão úteis para o momento atual da sua empresa.
O risco é alto
- Nos casos em que o ex-funcionário performava bem, saiu para aproveitar uma oportunidade de trabalho e o convite de retorno está partindo da empresa. Fique esperto: as chances de ele cair fora novamente são grandes se surgir “algo melhor”.
- Todos na empresa torcem pelo retorno do profissional porque ele é gente finíssima, mas nada mostra que a pessoa vai desempenhar direito dessa vez.
Não embarque nessa
- Quando a pessoa foi demitida por justa causa ou ajuizou uma reclamatória trabalhista contra vocês.
- O ex-funcionário é muito resistente às mudanças. Você sabe que vai ter de ficar argumentando com ele até mesmo na hora em que pede tarefas simples. Além de escutar expressões do tipo “Na minha época era diferente…”
- O profissional apresentava problemas de relacionamento com outras pessoas e a equipe festejou a saída dele na época.
- O ex-funcionário saiu para trabalhar em seu principal concorrente e agora quer voltar.
Antigamente, trabalhadores passavam 20 ou mais anos ininterruptos em uma mesma empresa. Os novos tempos mostram que, ao longo dos próximos 20 anos, o comum será pessoas atuarem um período numa companhia, seguirem para outra e depois retornarem para a primeira, mais amadurecidos.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.