Toda vez que decidimos alcançar um importante objetivo na vida pessoal ou no trabalho precisamos investir tempo ou dinheiro. Muitas vezes, os dois. Até hoje, pelo menos, não conheci ninguém que chegou muito longe sem utilizar esses recursos com sabedoria.
Eu mesmo já me vi na situação de ter de comprar dois pneus carecas com preço de novos numa borracharia de quinta categoria, de uma cidadezinha do interior, e ainda agradecer ao dono por tê-los me vendido, já que estava num lugar desconhecido, de madrugada, precisava rodar 200 km para fazer uma palestra na manhã seguinte e chovia sem parar. Era aceitar o preço pedido ou então aguardar o dia amanhecer para buscar uma outra opção. Preferi pagar.
Também me recordo de momentos em que acabei optando por investir tempo para que o trabalho fosse feito por mim mesmo, na tentativa de poupar dinheiro, mas não obtive um resultado satisfatório. O valor que eu poderia ter pagado a um terceiro para fazer aquele trabalho bem feito era menor do que investir meu próprio tempo em algo que não sabia fazer direito e ainda me afastava da principal zona de competência.
Tenho visto o mesmo problema acontecer com muitos gestores. Eles sabem como tratar um determinado problema e logo dirigem sua atenção para solucioná-lo, esquecendo-se que poderiam alocar melhor seu tempo naquilo que já fazem bem e delegar tais tarefas a subordinados entusiasmados por assumir novas responsabilidades.
Mas como saber quando investir tempo ou dinheiro? Coloque seu tempo naquilo que é prioritário para você e invista dinheiro nas coisas que não têm tamanha relevância, você não sabe fazer com primazia ou precisa resolver com urgência.
Algumas pessoas às vezes me questionam algo do tipo: “Se eu tenho os dois recursos e posso escolher investir apenas um deles para alcançar aquilo que quero, o que devo fazer?” Acredito que pagar em dinheiro será sempre mais barato. Muita gente diz que tempo é dinheiro, mas tempo é vida. Como diz um velho amigo, “se tempo fosse dinheiro, todo desempregado estaria rico”.
O dinheiro pode ser gasto agora e recuperado depois, mas o tempo é um recurso finito e irrecuperável. Além disso, aquele pode ser guardado, enquanto que este se consome se você não aproveitá-lo agora. Qualquer pessoa consciente pagará um táxi com gosto sempre que precisar chegar logo ao destino em vez de passar uma hora adicional presa no ônibus.
Todas as questões que exigem tempo ou dinheiro requerem nossa atenção, pois sempre provocam consequências positivas ou negativas. A boa notícia é que, ao dirigir tais recursos para algo prioritário, você não gera gastos e sim investimentos.
E fique mais atento ainda quando a decisão que você tomar exigir tempo e dinheiro simultaneamente. Converso com várias pessoas, por exemplo, que me pedem opiniões sobre se devem fazer este ou aquele curso de pós-graduação, porque o comprometimento financeiro é considerável, e poucas realmente me parecem maduras para perceber que seu principal investimento serão as horas de estudo exigidas a partir dali e não o desembolso das mensalidades.
Quase todo mundo concorda que não há sonho maior do que poder ganhar dinheiro sem ter de gastar o próprio tempo. O problema é que não existe uma fórmula mágica para resolver essa equação que, para muitos, ainda é vista como insolúvel. Existem, sim, escolhas que fazemos em nosso dia a dia e nos aproximam ou distanciam desse propósito.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.