Dias atrás, eu li uma entrevista do filósofo e economista brasileiro Eduardo Gianetti, na Folha de S. Paulo, em que ele disse: “A crise revela a qualidade de um líder. Tem líderes que crescem em uma crise e outros que encolhem”.
Na ocasião, Gianetti se referia ao modo como o governo Bolsonaro tem lidado com a pandemia do novo coronavírus, tecendo várias críticas sobre a atuação do presidente. Mas, nós também precisamos acolher esse ensinamento. A citação é muito válida para quem está à frente de uma empresa, projeto ou equipe de trabalho.
Toda grave crise é um divisor de águas na vida dos líderes porque exige que sejamos ótimos naqueles 5% que realmente fazem a diferença. Se, até 30 dias atrás, você podia se dar ao luxo de cometer alguns equívocos sem grandes consequências, agora não tem mais essa opção.
Além disso, nas próximas semanas, você tomará decisões que impactarão o seu negócio de verdade. E a consequência é que ele vai crescer abundantemente, diminuir de tamanho ou até mesmo fechar as portas dependendo do caminho que tomar. A sua empresa não será a mesma do período pré-pandemia.
Como uma pressão dessas provoca angústia e ansiedade em qualquer pessoa, é importante que você fique atento aos 5 sinais críticos que podem fazê-lo encolher:
1) Incapacidade de decidir
O líder não consegue solucionar as questões que surgem ou procrastina o curso de ação que resolveria o problema. Às vezes, faz vista grossa ou ignora aquilo que todo mundo já sabe que precisa ser feito.
2) Perda de foco
O líder começa a tomar várias ações claramente desconectadas, expressa suas ideias de forma confusa ou dedica um esforço descomunal para cumprir tarefas desnecessárias.
3) Falta de controle emocional
O gestor parece estar sempre com “os nervos à flor da pele”. Perde o domínio próprio facilmente, desconta os problemas pessoais e do trabalho nos colegas, demonstra nervosismo e passa insegurança aos liderados.
4) Derrotismo
Diante das dificuldades, o gestor fica abatido, assume uma postura pessimista e se entrega aos problemas, transparecendo ser incapaz de resolvê-los.
5) Fuga
A fim de se ver longe da crise, o líder abandona a equipe à própria sorte. Pouco aparece na empresa, fica preso à sua sala durante horas, para de fornecer orientação às pessoas ou simplesmente finge que nada está acontecendo.
O que fazer, então? Exatamente o contrário.
Tome as decisões que cabem a você neste momento, ainda que algumas sejam dolorosas. Mantenha o foco naquilo que se tornou primordial, deixando de lado tudo mais que pode tirar a sua atenção ou energia. Pratique algum tipo de atividade física ou hobby que o ajude a descarregar a ansiedade que está sentindo. Adote uma postura de otimismo, afinal você já enfrentou outros grandes problemas antes. E assuma o leme do barco: a responsabilidade é sua.
Você não consegue influenciar a imensa maioria das coisas que estão transformando o mundo todo neste momento. Porém, a escolha de crescer ou encolher ao enfrentá-las é algo que está em suas mãos.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.