Eu sou pai de dois meninos e costumo devorar livros que me ajudem a compreender a melhor forma de educá-los. Algo que aprendi nessas obras e vejo acontecer na prática é o seguinte: até os seis anos de idade meninos são muito apegados à mãe; dos seis aos quatorze ficam bastante próximos do pai; e dali em diante, escolhem um mentor externo que possa guiá-los.
O meu papel de pai nessa transição da adolescência até a vida adulta de cada um deles será, portanto, o de auxiliá-los a encontrar alguém experiente, confiável e sábio que os oriente, quando essa hora chegar. Eu não os deixarei sozinhos nessa eleição, pois o risco de nomearem o amigo bacana de 16 anos – mas, inexperiente e sem-noção – é muito alto. Vou tomar o cuidado de lhes oferecer boas opções e a escolha final caberá a eles.
Se você olhar a sua vida em retrospectiva, certamente vai se recordar de gente que teve um papel importantíssimo até se tornar o ser humano que é. Pode ter sido uma tia, um treinador esportivo, aquela professora da escola ou o primeiro chefe. E mirando o futuro, para alcançar os objetivos que almeja lá na frente, vai continuar precisando do apoio de outros mentores.
Avanço profissional e mentoria
Nossa carreira avança à medida que fazemos bons cursos, passamos por experiências profissionais enriquecedoras e aprendemos novas práticas. Contudo, se você pretende acelerar esse processo, é bom contar logo com a preciosa ajuda de um guia. Existem coisas que não conseguimos enxergar nem compreender sozinhos.
Por isso, pergunto a você: com quem costuma conversar abertamente sobre a sua carreira e os planos futuros? Quem é a pessoa experiente que o orienta sobre o que fazer na hora em que você se sente confuso? Quando quer ouvir um feedback honesto, quem está aberto a escutá-lo sem reservas?
Infelizmente, muitos profissionais empacam porque não têm essa pessoa com quem dividir suas angústias e que esteja comprometido de verdade com o desenvolvimento deles. Às vezes, até recebem um conselho aqui ou acolá, só que de forma desconectada. Conversas espaçadas e aleatórias podem ajudar, mas não são mentoria.
O relacionamento entre mentor e mentorado
A relação é de mentoria quando você possui um vínculo com alguém experiente que compartilha saberes e vivências buscando orientá-lo em sua jornada de desenvolvimento. Ou seja, não é uma aproximação que surge da noite para o dia. Aliás, dificilmente alguém pergunta de supetão: “Você quer ser meu mentor?” O mais comum é você convidar a pessoa para aconselhá-lo numa situação específica e os dois gostarem da experiência, depois um outro café é marcado até que, tempos depois, o vínculo se estreita. Inclusive, podemos dizer que, quando isso acontece, deu “match” entre mentor e mentorado.
Outra coisa importante é ter ciência de que, mesmo que o seu chefe seja alguém incrível e lhe ensine muita coisa, ele não pode ser o guia que procura. Enquanto o mentor está preocupado única e exclusivamente com o amadurecimento do mentorado, ser líder implica também outros interesses que, com frequência, são conflitantes àquele papel.
E é claro, além de encontrar o seu mentor, lembre-se que você também pode ser o guia de outra pessoa. Ainda que a autocrítica lhe faça acreditar que tem muito caminho pela frente até reunir condições de mentorar alguém, o que você já acumulou de experiência pode ser decisivo na trajetória daquele jovem que está dando os primeiros passos na carreira. Pense nisso!
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.