É comum escutarmos pessoas afirmarem que tempo é o recurso mais valioso em nossas vidas. Porém, discordo deste ponto de vista. Podemos ter todo o tempo do mundo e, simplesmente, não sabermos aproveitá-lo, como acontece com muita gente.
O confinamento forçado na pandemia é uma prova cabal. Quantas pessoas, que passaram a contar com tempo de sobra em sua rotina, ainda continuam perdidas no redemoinho do dia a dia? E um dos principais motivos é que lhes falta foco.
O psicólogo e escritor norte-americano Daniel Goleman ensina que existem três tipos de foco: o interno, aquele dirigido aos outros e o externo.
O foco interno existe quando você tem autoconsciência e autocontrole. Ou seja, sabe aonde quer chegar e ainda não permite que revezes ou distrações o retirem do caminho escolhido. Infelizmente, algumas pessoas, mesmo detalhando objetivos, logo se perdem. É só aparecer algum obstáculo ou oportunidade atraente e elas já abandonam o plano traçado.
O foco no outro é aquele que possibilita que você faça a leitura correta das pessoas e define o tipo de relacionamento que estabelece com cada uma delas. Portanto, é aqui que a empatia faz a diferença. Caso do vendedor que demonstra interesse genuíno em atender seus clientes da melhor forma possível ou do simples gesto de abaixarmos na hora de conversar com uma criança.
Em contrapartida, o foco externo permite você enxergar fora do seu quintal, compreendendo o contexto, sistemas e padrões que o afetam. Quando você se pergunta o que será do mundo pós-pandemia, está exercitando exatamente o foco externo. Ao tomar decisões que diferenciam a sua empresa dos concorrentes, idem.
Creio que você já entendeu. Foco é um recurso escasso porque exige a capacidade de darmos atenção a nós mesmos, às pessoas que estão ao nosso redor e ao contexto em que atuamos. E esse tipo de equilíbrio não é nada simples, pois implica renúncias.
O escritor Timothy Ferriss, inclusive, costuma lembrar: “Concentre-se em ser produtivo em vez de se manter ocupado”. Afinal, de que adianta completar os 10 itens da sua lista de coisas a fazer e depois descobrir que não deveria ter executado oito delas? O seu tempo foi mal-empregado.
Pensando nisso, se você quer ser uma pessoa focada a partir de agora, avalie:
— O que precisa receber a sua atenção de verdade e quais coisas devem ser deixadas de lado?
— Como você pode proporcionar mais alegria às pessoas que o(a) rodeiam?
— Quais comportamentos vão ajudá-lo(a) a olhar para “fora da caixa” em seu negócio e carreira a fim de conectar as “pontas soltas”?
E depois de responder às questões acima, tenha em mente o ensinamento de Jim Collins: “Se você tem mais do que três prioridades, então não tem nenhuma”. Foco é saber aquilo que deve receber a sua atenção, fazer caber dentro da agenda e, especialmente, não tentar realizar tudo de uma vez só.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.