Se todas as pessoas soubessem a diferença que o treinamento duro pode fazer na vida e na carreira delas, seguramente treinariam mais e melhor. Concordariam em aumentar o sarrafo um pouquinho todos os dias a fim de se superarem, mesmo que o ganho geral fosse inferior a 0,000001% no curto prazo.
Na autobiografia do tenista André Agassi, há um breve relato que explica por que, apesar de odiar jogar tênis, ele conseguiu se tornar o melhor do mundo em sua época. “Meu pai sempre disse que, se eu rebatesse 2.500 bolas por dia, teria rebatido 17.500 numa semana. Ao final de um ano, seriam quase 1 milhão de bolas. Ele acredita em matemática. Dizia que os números não mentem nunca. Uma criança que consegue bater 1 milhão de bolas por ano se torna imbatível”.
Essa história do Agassi me faz lembrar de uma outra contada pelo megacampeão olímpico Michael Phelps, quando palestrou em um evento corporativo no Brasil em 2017. Segundo ele, durante os seis anos que antecederam os Jogos de Atenas, em 2004, ele treinou nas piscinas 365 dias por ano. Um comprometimento absurdo.
Os estudos mais recentes mostram que, treinando no limite da sua capacidade, de três a cinco horas todos os dias, é possível você alcançar a maestria em qualquer tipo de habilidade, seja você um músico, enxadrista, romancista ou atleta. Mas precisa ser todos os dias. Como dizia o pianista Vladimir Horowitz: “Se deixo de estudar por um dia, noto logo a diferença. Por dois dias, minha mulher nota. Por três dias, o mundo nota”.
O problema é que as pessoas geralmente fogem do treinamento duro porque ele causa dor. Em vez de trazer satisfação, frustra e desconforta. E por que isso acontece? A todo momento em que treina no limite, você se depara com as suas áreas de incompetência. Cai a ficha de que ainda não “chegou lá”.
A grande recompensa de quem continua no firme compromisso de treinar duro é que, depois de algum tempo, não precisa nem mesmo prestar atenção em cada gesto. No livro O Código do Talento, Daniel Coyle explica: “Os bons ginastas não necessitam pensar em impulsionar o corpo com as pernas, arquear as costas para trás, afundar a cabeça entre os ombros e levar o quadril a girar por cima dela, assim como não precisamos processar cada letra de uma palavra. Eles simplesmente disparam o circuito do backflip construído e aprimorado pelo treinamento duro”.
Contudo, antes de sair por aí treinando numa intensidade maior, reflita sobre duas questões críticas:
1) A área na qual você quer investir seu precioso tempo em treinamento duro realmente vale a pena? “Gastar a vida” em coisas de importância menor não é uma escolha sensata.
2) Quem será seu professor nesta jornada? Todo mundo que treina duro sem supervisão não desenvolve os talentos como poderia. E, pior ainda, costuma se lesionar.
Bom treino para você!
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.