Apesar de o impacto das tecnologias digitais ser indiscutível em quase todos os mercados, uma parcela considerável de empresários ainda continua inerte.
Existem aqueles que resistem a qualquer tipo de inovação dizendo que o seu negócio só comporta iniciativas off-line, por ser muito tradicional. Outros entendem que digitalização se resume a construir um site bacana ou designar um funcionário para o atendimento on-line. E também temos quem imagina que a única coisa que falta é a sua empresa finalmente lançar o app que teima não sair do papel.
Esse olhar obtuso geralmente decorre de uma mentalidade analógica. A gente não pode esquecer que pessoas com mais de quarenta anos são migrantes digitais. Nasceram em um mundo com pouca tecnologia embarcada e agora estão tendo de incorporar a nova realidade enquanto abandonam velhas crenças.
Em contrapartida, é fácil construir uma mentalidade digital para quem é nativo digital. Meu filho Pietro, que está prestes a completar dez anos, raciocina tudo sob uma ótica bem diferente da minha, pois convive com gadgets desde pequenininho. E seus funcionários de vinte anos também.
Se você e os colegas de trabalho ainda ficam perdidos quando alguém começa a falar em gestão ágil, metodologia Scrum, squads e tudo mais que apoia o movimento de transformação digital, mas precisam mudar essa realidade logo, então o negócio é seguir o ditado chinês: “Uma longa jornada começa com o primeiro passo”.
E isso, inevitavelmente, passa por cumprir o checklist abaixo. Sei que alguns desses pontos podem parecer básicos demais, mas nenhuma grande mudança vai acontecer se, antes, vocês não fizerem o “feijão-com-arroz”:
- Mantenham o foco no cliente. Qualquer iniciativa de digitalização que forem empreender precisa facilitar a vida dele ou será apenas purpurina. Por isso, sempre se façam a mesma pergunta, quando uma ideia ganhar corpo internamente: “Como isso vai ajudar nossos clientes de verdade?”
- Estimulem o pensamento fora da caixa. Ser digital é, principalmente, dar espaço para que novas ideias radicais, que antes não seriam acolhidas aí dentro, passem a ser levadas a sério. Nenhuma empresa constrói uma cultura digital sem propostas transgressoras ao status quo.
- Escolham um bom projeto-piloto. Alguma proposta de mudança que, mesmo simples ou de baixo impacto no curto prazo, tem tudo para ser bem-sucedida e ainda vai deixar claro para todo mundo que vocês realmente estão trilhando um novo caminho.
- Confiram autonomia às pessoas. É preciso que a linha de frente faça acontecer sem ter a necessidade de pedir bênção ao alto escalão a toda hora. Iniciativas frustradas de transformação digital geralmente são aquelas que esbarram em burocracia e microgerenciamento.
- Visitem empresas de referência. Nada é mais motivador do que ver de perto o que aconteceu com quem fez a lição de casa direitinho algum tempo antes. Além de aprender muito nessas horas, vocês sairão dos encontros extremamente entusiasmados para cumprirem a própria jornada!
Pensem nisso e mãos à obra!
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.