Algumas tribos africanas utilizam um engenhoso método para capturar macacos. Como os animais são muito espertos e vivem saltando nos galhos mais altos das árvores, os nativos desenvolveram o seguinte sistema: pegam uma cabaça de boca estreita e colocam dentro dela uma banana. Em seguida, amarram-na ao tronco de uma árvore frequentada por macacos, afastam-se e esperam.
Logo um macaco curioso desce, olha dentro da cabaça e vê a banana. Enfia sua mão e apanha a fruta, mas como a boca do recipiente é muito estreita, ele não consegue retirar a banana. Surge então um dilema: se largar a banana, sua mão sai e ele pode ir embora livremente; caso contrário, continua preso na armadilha.
O resultado é quase sempre o mesmo: após um tempo, os nativos voltam e tranquilamente capturam os macacos que teimosamente se recusam a largar as bananas. Um final trágico para os animais, já que eles costumam ser capturados para servir de alimento à tribo.
O mesmo tipo de estupidez pode ser cometido por qualquer um de nós quando resistimos a “largar as nossas bananas” (sejam elas quais forem), ignorando que existem muito mais coisas em jogo do que o prazer momentâneo de saboreá-las.
Aliás, o grande ensinamento da história é justamente esse: não devemos nos mover por gratificações instantâneas. E por quê? Quem age assim, inevitavelmente, toma decisões ruins no trabalho e nas demais esferas da vida.
Um estudo publicado pela revista Frontiers in Psychology reunindo dados de 2.500 profissionais norte-americanos procurou dissecar os principais motivos que levam alguém a ter um salário maior. O que os acadêmicos descobriram é que o cargo que a pessoa ocupa e o seu nível de educação são mesmo os fatores mais relevantes, pelo menos no contexto ianque. Na sequência, a cidade onde residem e o gênero (homens ganham mais por lá, como no Brasil).
O que chamou atenção foi o que veio depois. O quinto principal fator é a capacidade de a pessoa resistir a gratificações instantâneas. Como, por exemplo, não aceitar aquela proposta salarial atrativa da concorrência, mas que tem tudo para ser uma armadilha.
O problema é que não é nada fácil resistir às promessas de gratificação instantânea, pois elas estão em todos os lugares – inclusive, em seu smartphone. Isso explica porque você já não fica entediado ou impaciente quando precisa aguardar o atendimento médico em um consultório. As notificações das redes sociais e do Whats que pipocam na tela do celular são capazes de entretê-lo a ponto de nem ver o tempo passar.
Ser guiado pelo espírito da gratificação instantânea é, portanto, seguir aquela máxima perigosa: gozar primeiro, pagar depois. Porém, as coisas que geralmente fazem diferença em sua vida e carreira exigem um grande investimento de tempo até os primeiros resultados aparecerem, a capacidade de dizer não às distrações e a coragem de “largar as bananas”.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.