A liderança não é exigida de você a toda hora. Aliás, existem poucos momentos de liderar ao longo de uma semana de trabalho. Mas, assim que está diante de algum deles, você realmente precisa se colocar à frente das coisas ou, então, perde a chance de atuar como um líder de verdade.
Ao utilizar a expressão “momentos de liderar” refiro-me àquelas situações que envolvem incerteza e caos. Você não tem resposta pronta de como resolver o problema, muita gente ao redor está em pânico e ainda precisa agir rápido para controlar os danos. Quando uma pergunta surge na sua cabeça: “Como vamos sair dessa?”
Eu gosto muito de uma frase do professor e escritor Michael Useem: “Não é de admirar que nos lembremos melhor de primeiros-ministros e presidentes da época da guerra do que de líderes dos tempos de paz”.
O que ele quer dizer é que situações de crise proporcionam mais oportunidades de fazer a diferença. Porém, também é aí que geralmente damos de cara com nossas limitações e medos. Brotam dúvidas sobre nossa capacidade de fazer acontecer. Somos atormentados pela Síndrome do Impostor.
Muitos profissionais não desenvolvem seu potencial de liderança porque fogem desses momentos decisivos. Preferem o conforto da certeza e da rotina, mesmo quando sabem que precisam fazer as coisas de um jeito novo. Eles não toleram os riscos de um eventual fracasso.
Lembre-se: quanto mais estruturado e previsível é o seu trabalho, menores são as chances de você aperfeiçoar a sua liderança. Em contrapartida, ao lidar periodicamente com problemas inéditos que requerem outras aptidões e ampliam seu repertório, tem tudo para progredir.
O desenvolvimento de liderança, portanto, costuma ser resultado das novas experiências que topamos enfrentar. E é bom que se diga: nos últimos doze meses tivemos de passar por uma série delas. Quantas coisas você não deve ter adaptado em sua vida de lá para cá, não é verdade? Mas a questão é: você tem liderado essas mudanças ou tem sido liderado por elas?
Os tempos de normalidade (quando a estratégia funciona e os resultados aparecem) são excelentes para se treinar liderança com calma e reabastecer as energias. Porém, se você realmente quer exercitar liderança, precisa saber aproveitar os momentos de crise. Eu diria até mais: criar alguns deles por conta própria, a ponto de pessoas lhe dizerem: “Por que você se mete nessas coisas?”
A minha dica de hoje é: fique atento a momentos desconfortáveis em que você possa liderar de um jeito novo a partir de agora. Daí, na hora H, defina bem o que você quer que aconteça para não perder de vista o que é importante. E, por fim, crie um plano de ação e procure executá-lo logo.
Momentos de liderar exigem agilidade. Não adianta ficar conjecturando demais. Você tem que construir um passo-a-passo e já colocar a mão na massa. O princípio é aquele: se for para falhar, que seja rápido. Assim ainda haverá tempo de corrigir o rumo das coisas e tentar algo novo.
As duas piores escolhas que podemos fazer diante de qualquer momento de liderar são a fuga e a indecisão.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.