Muitos líderes não obtêm aquilo que esperam de suas equipes por falhas na Gestão das Consequências (GC). Apesar de combinarem com as pessoas o que deve ser feito no dia a dia, eles deixam de cumprir a parte que lhes cabe depois que as tarefas são cumpridas ou não pelo time.
Você já deve ter visto essa cena: o gestor solicita relatórios individuais para os colaboradores. Alguns realizam a tarefa com excelência, outros de forma medíocre e uma pequena parcela nem se dá ao trabalho de retornar o documento. E depois nada acontece com ninguém, pois o líder nem lê os relatórios enviados.
Existe Gestão das Consequências quando todo mundo sabe de antemão o que ocorre se o trabalho é cumprido acima da média, dentro das expectativas, pro forma ou nem é entregue. E não há GC quando a praga do ceticismo já se faz presente na organização via comentários do tipo: “Você vai ver! Isso não dará em nada!”
Contudo, lembre-se que Gestão das Consequências é muito mais do que você punir ou recompensar as pessoas lá no final. A “motivação do chicote e da cenoura” pode controlá-las – e até melhorar os resultados no curto prazo –, mas jamais vai comprometer as pessoas de verdade.
Tome cuidado para não colher o que não quer por ter plantado aquilo que não viu.
Na hora em que você for demandar algum trabalho aos liderados, primeiramente procure enxergar qual será seu papel frente a quem entregar 120% da meta, 100%, 80% dela ou até não fizer nada. E qual a abordagem com aqueles que se esforçaram ao máximo, mas não chegaram lá por causa do contexto de mercado desfavorável, por exemplo. Conseguirá ser justo e coerente com todos?
Também tenha em mente que algumas metas podem penalizar a empresa inteira – em vez fazê-la progredir – justamente por causa de uma Gestão das Consequências mal aplicada. Aliás, é aí que mora o perigo.
Conheço a história de uma companhia na qual o diretor comercial estabeleceu que quem não atingisse a quota de vendas trimestral seria demitido ao final do período. O que ele não esperava é que, em vez de motivar a equipe, esta decisão contaminou o time negativamente.
Resultado: ninguém bateu a meta e, para não perder a credibilidade, ele realmente desligou todo mundo uma vez só, mesmo sabendo que a empresa perderia um grande faturamento ao longo dos meses seguintes e que clientes-chave seriam abraçados pela concorrência.
Portanto, segundo o manual de uma boa Gestão das Consequências, antes de combinar com as pessoas a realização de qualquer trabalho crítico, você precisa prever o melhor cenário futuro, o pior que pode acontecer e o quadro mais provável. E, além disso, que tipo de atitude caberá a você frente a cada um deles. Siga com a sua ideia só depois dessa análise.
Como ensina aquele conhecido adágio: “Não existe castigo nem recompensa, o que existe é consequência. O plantio é livre, mas a colheita é obrigatória”. Tome cuidado para não colher o que não quer por ter plantado aquilo que não viu.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.