Cada vez mais sou contatado por empresas que buscam formas eficazes de promover a alta performance dos seus colaboradores e uma das abordagens que recomendo a muitas delas é a reorganização de suas grandes equipes de trabalho em times compactos.
Jeff Bezos, fundador da Amazon, popularizou a “regra das duas pizzas“, que sugere que uma equipe deve ser pequena o suficiente para ser alimentada com duas pizzas. Na prática, isso geralmente se traduz em grupos de 4 a 6 pessoas, corroborando estudos conduzidos por Richard Hackman e vários outros importantes acadêmicos.
Porém, o que explica a eficácia de times enxutos em relação a formações com 10 ou mais pessoas?
Primeiramente, os efeitos na comunicação interna. Com menos pessoas envolvidas, a interação costuma ser mais direta e rápida, minimizando ruídos e mal-entendidos que geralmente encontramos em grandes equipes de trabalho.
“Seus melhores e mais brilhantes funcionários devem ser desafiados e colocados em equipes pequenas para resolver os problemas mais difíceis da empresa”.
Bill Gates
Destaque também para a coesão. Com menos membros, é muito mais fácil criar um ambiente de confiança e colaboração marcado pelo senso de pertencimento e a disposição das pessoas em se sacrificar umas pelas outras.
Um benefício adicional é a flexibilidade para se adaptar rapidamente às mudanças. Times compostos por 5 pessoas tendem a ser bem mais ágeis do que aqueles com 15 ou 20 membros simplesmente pelo fato de que há menos gente envolvida no aprendizado do novo trabalho a ser feito.
Além disso, um estudo do instituto Gallup revelou que integrantes de equipes pequenas normalmente apresentam níveis mais altos de engajamento com a empresa por se sentirem produtivos e satisfeitos com aquilo que fazem. Fruto da clareza sobre a sua contribuição pessoal para o resultado coletivo.
Exemplo icônico do poder dos grupos pequenos é a Apple. Quando Steve Jobs retornou à empresa em 1997, uma de suas primeiras medidas foi reduzir drasticamente a quantidade de produtos em desenvolvimento e reorganizar as equipes em pequenos grupos focados (que hoje chamamos de squads). Essa medida não apenas simplificou os processos internos como também fomentou um ambiente mais criativo, resultando anos depois em produtos revolucionários como o iPod, o iPhone e o iPad.
Porém, antes de sair mudando a estrutura dos times de trabalho em sua empresa, tenha em mente que equipes menores exigem cuidados específicos, como uma seleção de pessoal rigorosa. Cada integrante da equipe precisa ter múltiplas habilidades (técnicas e interpessoais), um espírito colaborativo acima da média e ainda ser capaz de exercer diferentes papéis.
E é claro, você deve ser capaz de estabelecer desafios que estejam à altura do grande potencial que essas poucas pessoas têm em fazer acontecer quando trabalham juntas. Aliás, é por isso que Bill Gates ensina: “Seus melhores e mais brilhantes funcionários devem ser desafiados e colocados em equipes pequenas para resolver os problemas mais difíceis da empresa”.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.