O modelo de Planejamento Estratégico que nos orientou ao longo das últimas duas décadas não faz mais sentido algum no atual cenário do mercado. E um dos principais desafios da sua empresa a partir de agora é atuar estrategicamente levando em conta as novas regras do jogo.
Por exemplo, esqueça os planos quinquenais. Até alguns anos atrás, as nossas projeções costumavam ser muito coerentes porque, apesar de falarmos que o mundo girava rápido demais, o ritmo da mudança em curso era muito menor do que aquele que vivenciamos hoje.
Mesmo empresas de porte mundial abandonaram de vez a prática de conceber planos de cinco anos. Em um mundo com tamanho grau de incerteza e complexidade, nós simplesmente não conseguimos ter uma capacidade preditiva mínima para saber o que vai acontecer lá na frente. É só lembrar do susto que tivemos ao ser pegos de surpresa pelos impactos da pandemia em março do ano passado.
Falo com segurança: faz bem mais sentido vocês estabelecerem estratégias de atuação para o prazo de até um ano. E como norteador do longo prazo, um Propósito Transformador Massivo (PTM) que forneça a visão e o senso de direção a todos.
Em vez de investirmos muita energia em futurologia, estou certo de que realmente precisamos seguir o exemplo das empresas que crescem exponencialmente, como o Google, a Apple ou a Amazon. Elas focam em execução. Levam dias – e não meses – para colocar um novo produto do mercado. São ágeis em tirar do papel as estratégias que elaboram – e também abandoná-las sem dó quando provam ser equivocadas.
Na prática, o processo de Planejamento Estratégico que vale a pena vocês adotarem em sua empresa a partir de agora tem algumas características. A primeira delas é engajar o maior número de pessoas que podem fazer contribuições valiosas em vez de envolver apenas a liderança. Aquela velha prática de “esconder” a estratégia do pessoal de linha de frente com medo de que algum concorrente descubra as minúcias do seu plano é perda de tempo.
A segunda boa prática é vocês definirem duas ou três metas audaciosas para os próximos 12 meses que sejam capazes de levar a empresa a um novo patamar, com base no PTM. Para isso, em vez de se perguntarem “O que podemos fazer de diferente?”, procurem responder “O que vai nos levar a ser uma empresa incrivelmente melhor do que aquela que somos hoje e, por isso, merece a nossa energia máxima?”
E, por fim, tomando por base a metodologia OKR (Objetivos e resultados-chave), deixem claro para cada colaborador como ele vai contribuir individualmente durante a jornada. É incrível o que metas trimestrais de alto impacto e bem descritas podem fazer pela sua organização.
Como ensinava Winston Churchill: “Os planos são de pouca importância, mas o planejamento é essencial”. Vocês não devem deixar de sonhar, pensar o futuro e construir possíveis cenários. Mas a caixa de ferramentas precisa mudar.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.