No início da carreira escutei uma frase que ainda ressoa forte dentro de mim: “A Liderança contamina rapidamente para o mau exemplo e lentamente para o bom exemplo”.
Isso acontece porque um mau exemplo de liderança costuma desencadear atitudes negativas entre os seguidores que logo se espalham rapidamente pela organização como um todo. Enquanto que um gesto louvável costuma passar despercebido, a não ser que você o repita algumas – ou muitas – vezes.
Um caso típico é o do líder que chega no horário em todas as reuniões. A pontualidade britânica dele não irradia o mesmo comportamento na equipe, apesar do bom exemplo. No entanto, se o mesmo gestor passar a chegar atrasado nos compromissos, pode ter certeza que a maior parte das pessoas também começará a agir de modo descuidado.
Outros maus hábitos, como fofocar sobre colegas a portas fechadas, são extremamente contagiosos. Podem começar sem grandes danos, mas pouco tempo depois quase todos se tornam maledicentes criando um clima onde ninguém se sente seguro para falar ou fazer qualquer coisa fora do que é considerado “normal” por medo de ser julgado duramente pelos colegas.
Lembre-se: quando o líder age de forma incoerente com aquilo que é esperado dele em seu papel, sinaliza ao time todo que a conduta em questão não é apenas aceitável, como também recomendada. Caso de gestores que ridicularizam alguns clientes em conversas com os colaboradores diretos, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Pode saber que as pessoas também reproduzirão o mesmo comportamento sem pensarem duas vezes.
Por outro lado, bons exemplos levam mais tempo para repercutir na vida dos liderados porque eles costumam ter altas expectativas sobre o caráter de quem os lidera. Isto é, não se surpreendem quando você age corretamente, pois já esperam que faça a coisa certa.
Além disso, talvez você trabalhe hoje em uma organização na qual a cultura dominante prega: “flagre o que os outros fazem de errado”. Daí quando você acerta eles costumam estar distraídos já que buscam captar condutas censuráveis e não virtudes.
Também existe uma outra coisa: bons exemplos levam mais tempo para serem assimilados porque as pessoas tendem a não confiar facilmente em novas ideias, a menos que sejam comprovadamente benéficas e de fácil aplicação. Seus liderados não repercutem uma proposta logo de cara só porque ela parece ser apropriada.
E é claro, os liderados conhecem o seu caráter, ainda que você não acredite que eles tenham uma boa capacidade de julgamento. Aliás, é por isso que Ralph Waldo Emerson, escritor norte-americano, ensinava no século XIX: “O que você é fala tão alto que não consigo ouvir o que você está dizendo”.
E então, você procura liderar pelo exemplo ou apesar do seu mau exemplo?
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.