Consumidores cada vez mais conscientes e bem informados têm exigido das companhias não apenas bons produtos e serviços. Agora eles também se importam em saber até que ponto os valores corporativos estão alinhados com aquilo que acreditam como indivíduos.
Outro batalhão de pessoas prefere ir além. Fica observando se existe coerência entre o que é declarado pela empresa que admiram e o que ela realmente faz. E se alguma coisa não parece correta, logo manifestam sua insatisfação ao mundo inteiro via redes sociais.
E quando vamos investigar a fundo o que está ocorrendo, um motivo geralmente aparece: os líderes dessas companhias ignoram o poder que pequenas transgressões diárias têm de corroer os valores organizacionais. Eles passam a mão na cabeças das pessoas quando não deveriam.
Não aceite pequenos desvios
Ainda hoje, muita gente que viaja tem o hábito funesto de pedir nota fiscal do almoço num valor superior com o intuito de “ganhar um troquinho” depois quando for reembolsado pela empresa. Muitos gestores sabem que alguns dos colaboradores agem assim e continuam fazendo vistas grossas. “A diferença é muito pequena”, dizem. O problema é que toda grande corrupção começa assim, com um delito mínimo.
Algumas violações não envolvem crime, mas também são danosas. É o caso de vocês afirmarem ao mundo que a sustentabilidade ambiental vem em primeiro lugar, quando nem o lixo do almoço dos funcionários é separado adequadamente. Todo mundo percebe a contradição.
O que mais eu aprecio nas empresas coerentes é o fato de que não aceitam que as pessoas cometam desvios de caráter em hipótese alguma. Da mesma forma que estão prontas para acolher os colaboradores que erram tentando acertar, são implacáveis se o que está em jogo é sua cultura e seus valores.
Quando cobram das pessoas o uso de papel rascunho na hora que precisarem anotar algo de menor importância não é porque são mesquinhas. É que a alta direção sabe que o cuidado com as pequenas coisas fará com que todos também cuidem das grandes.
Alguns estudos revelam que, em muitos casos, a delinquência juvenil decorre da falta do bom exemplo dos pais. O filho se perde exatamente porque a incoerência habita a casa. Da mesma forma, em muitas empresas, a delinquência está instalada e alguma coisa precisa ser feita pelos líderes antes que seja tarde demais.
Exija uma boa conduta de seus colaboradores
Se você não quer que a sua companhia vá para o mesmo caminho, então procure fazer quatro coisas:
– Escreva um manual de condutas contando o que vocês esperam que as pessoas façam e o que não toleram de jeito nenhum.
– Realize um treinamento com os colaboradores e todos os demais stakeholders explicando esse manual nos mínimos detalhes.
– Seja implacável com quem apresenta comportamentos inadequados.
– Reconheça as pessoas que escolhem fazer a coisa certa sempre. Elas são preciosas demais.
Não é um único erro em si que geralmente derruba uma empresa e sim o padrão de pequenos comportamentos transgressores que acabam varridos para debaixo do tapete ou simplesmente ignorados pela liderança.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.