Durante o jantar em família, o garoto de quatorze anos contou ao pai que fora escolhido para dar uma aula na escola no dia seguinte. Nesta mesma hora, o pai, que era especialista em Métodos Instrucionais para os militares, sentiu que estava ali a oportunidade perfeita de transmitir ao filho os benefícios do modelo de treinamento que ele colocada em prática no seu trabalho.
“Este é o método que adotamos no exército, meu filho” – disse ele. “Primeiro, escolhemos objetivos constituídos de ação, situação e nível de desempenho. Assim, para a sua aula de amanhã decida antecipadamente que AÇÃO deseja que os estudantes executem, em que SITUAÇÃO deseja que a executem e, finalmente, COMO deseja que a executem. E lembre-se: toda a instrução deve objetivar desempenho, desempenho e desempenho.”
O menino não ficou impressionado. Tudo o que disse foi: “Não dará certo, papai”. Discordando, o pai retrucou: “Claro que dará. Sempre dá certo. Por que não daria?” E o filho completou: “Por que é para dar uma aula sobre sexo”.
Essa historieta nos traz algumas importantes lições:
- Cuidado com as “receitas de bolo”. Ter uma solução que sirva para toda e qualquer situação da vida costuma criar armadilhas perigosas. É claro que o seu cérebro vai fazer uso da experiência que acumulou até então – e isso é bom -, mas lembre as palavras de Mark Twain: “Para aqueles que têm apenas um martelo como ferramenta, todos os problemas parecem pregos”.
- Fuja das fórmulas milagrosas. Técnicas como essa do “ação, situação e nível de desempenho” são aplicáveis realmente e, além disso, fáceis de memorizar, porém limitadas. Não funcionarão para qualquer tipo de problema só porque foram embaladas com primor.
- A sua experiência não vai caber para todo mundo. Um grave equívoco é acreditarmos que se alguém fizer exatamente o que fizemos de bom até hoje daqui a algum tempo colherá os mesmos resultados. Vou além: para chegar aonde você já chegou talvez ele tenha de fazer tudo diferente.
- Contexto é quase tudo. Tem coisas que só se aplicam ao seu segmento de mercado e ainda em um dado momento. Não haja como aquelas pessoas que quando mudam de empresa tentam reproduzir exatamente aquilo que deu certo no trabalho anterior sem levar em conta que a nova empresa atua em um contexto bem diferente.
- Antes de aconselhar, escute. Se o pai tivesse perguntado ao garoto sobre o que ele falaria na aula do dia seguinte teria evitado o constrangimento que passou. Da mesma forma, em nosso trabalho precisamos ter a disposição de escutar o outro antes de nos atrevermos a lhe dizer o que acreditamos que deve ser feito.
Em resumo, não fique refém dos seus métodos, técnicas ou da própria história de sucesso que você construiu até aqui.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.