Sempre que as empresas enfrentam graves crises econômicas, seu modelo de gestão é colocado à prova. E isso acontece porque a cultura organizacional, o processo de tomada de decisão, o nível de engajamento das pessoas e a sua velocidade para promover mudanças é que fazem a diferença na hora do caos.
Existem basicamente dois modelos de gestão que orientam as empresas brasileiras: o PCC (planejamento, comando e controle) e a Gestão Participativa.
Os dois Modelos de Gestão
O PCC é simbolizado pela frase “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Poucas pessoas decidem o que precisa ser feito e as demais se encarregam da execução. A premissa é de que se houver um planejamento estruturado, respeito à cadeia de comando e controles rígidos, o sucesso é inevitável. Se você acabou de lembrar do exército, não foi por acaso. Aprendemos essa modelagem organizacional com os generais.
Enquanto isso, as empresas de Gestão Participativa fazem exatamente o contrário. Elas acreditam que a maior parte das decisões podem ser tomadas em conjunto, líderes são aqueles que inspiram em vez de causar medo e os colaboradores precisam do máximo de autonomia para fazer seu trabalho. Controles continuam a ser importantes nessas organizações, mas não para vigiar as pessoas, e sim para facilitar o alcance dos resultados de negócios.
Eu sei que, às vezes, você fica confuso quando pensa na sua própria empresa. Inúmeras companhias parecem praticar um modelo híbrido. Não são exatamente nem uma coisa nem outra. E isso acontece porque elas se encontram em transição ou então acreditam que uma mesa de pingue-pongue, cadeiras coloridas e um belo discurso já são suficientes.
É hora de mudar
O fato é que a maior parte das empresas brasileiras ainda se orienta pelo PCC. E, sendo bastante sincero, isso não chega a ser muito grave em tempos de calmaria, quando já dominam as regras de funcionamento do seu mercado há algum tempo. O problema surge na hora em que elas precisam mudar rápido e esperam que a “mente iluminada” do CEO resolva tudo.
As empresas de Gestão Participativa, não sofrem tanto com as crises porque todo mundo se une para resolvê-las. E, além disso, os colaboradores lidam com as incertezas sem temores exagerados, pois mudar é algo corriqueiro para eles.
Na prática, o que está acontecendo agora é o seguinte: muitos gestores de empresas têm procurado ouvir seus times. Quem trabalha num ambiente PCC tem medo de falar o que pensa ou até mesmo dificuldade de visualizar possíveis alternativas de ação. Enquanto isso, nas companhias de Gestão Participativa, as ideias têm sido testadas desde os primeiros dias de quarentena. Resultado: enquanto a maior parte das empresas se mantêm em estado de inércia, esperando a pandemia passar; algumas estão se transformando. A diferença é gritante.
Talvez você nunca tenha pensado seriamente em liderar uma empresa de Gestão Participativa. Até enxerga que algumas práticas desse tipo de organização são inspiradoras e poderiam ser implantadas por vocês. Mas, como nunca quis abrir mão do controle, sempre recuou. Bem, agora é hora de mudar. O futuro do seu negócio depende disso.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.