Boa parte dos executivos que ocupam altas posições nas empresas acredita ser à prova de bala, como os super-heróis das histórias em quadrinhos. Autoconfiantes em excesso, conservam uma mentalidade na qual se veem preparados para enfrentar todo e qualquer tipo de problema que apareça.
No entanto, diante da crise generalizada decorrente da pandemia do novo coronavírus, eles estão tendo de encarar a dura realidade: são vulneráveis sim. Não têm resposta para tudo. Não sabem o que fazer no curto prazo para lidar com os efeitos desse tsunami que atingiu em cheio o seu negócio.
O fato é que poucos líderes cultivam um mindset que aceita a vulnerabilidade como algo bom. A maioria enxerga qualquer sensação de impotência como sinal de fraqueza. Ignoram que fraqueza tem a ver com outro tipo de postura. É dizer: “Não sei o que fazer. Não vamos nos recuperar depois dessa pandemia”. Simplesmente sentar e choramingar.
Em momentos decisivos como este, expressar suas dúvidas e angústias com sinceridade, pedir a opinião das pessoas e aceitar que você ainda não sabe qual caminho seguir, são exemplos de que abraça a vulnerabilidade. E nem por isso é um líder menor. Pelo contrário.
Ninguém é perfeito
A pesquisadora e escritora americana Brené Brown passou cerca de duas décadas estudando esse tema e seus livros se tornaram best-sellers mundiais nos últimos anos. Segundo ela: “É preciso coragem para ser imperfeito. Aceitar e abraçar as nossas limitações e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou”.
Algo que sempre achei incrível nas histórias de super-heróis é que todos eles, sem exceção, possuem um ponto fraco. Eles nos mostram que ninguém é infalível e é por isso que nos reconhecemos neles. O Super-Homem, por exemplo, símbolo da esperança, tem na kryptonita sua grande fraqueza. Quando exposto àquela pedrinha verde, mal consegue permanecer de pé. No entanto, isso não impede que ele encontre alternativas para salvar a si mesmo e a humanidade.
O sentimento de infalibilidade que muitos dos líderes tanto valorizam acabou se tornando a sua maior vulnerabilidade. Estão perdidos agora justamente porque jamais aceitaram registros de insucesso na carreira. Sempre fugiram das duras lições que poderiam revelar suas fraquezas. Preferiram a máscara da perfeição.
Não tema mostrar-se vulnerável
Lembre-se que você também se torna uma boa referência de líder quando não tem a resposta certa para tudo. Mostra-se humano. Faz com que as pessoas compreendam que você também é falível e consciente de suas limitações.
O resultado disso é que você cria conexão com seus liderados e eles, em contrapartida, se permitem mostrar vulneráveis. Abrem-se de uma forma que não conseguiam até então. E tudo porque você deu o primeiro passo.
Não sei o que acontecerá nas próximas semanas ou meses. Mas, o futuro de curto prazo será transcorrido mais facilmente por aqueles que não temem a vulnerabilidade e deixam o orgulho de lado. Como diz Brené Brown, que têm a coragem de se mostrar imperfeitos.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.