A rotatividade nas posições de liderança das empresas tem sido bastante comum nos últimos meses porque muitas delas perceberam que não contavam com pessoas competentes para enfrentar os desafios atuais da economia e da transformação natural que ocorre nos mercados. Você mesmo talvez esteja prestes a assumir a direção de uma nova equipe de trabalho exatamente por causa desse contexto.
Contudo, uma coisa é estar à frente daquele tipo de equipe que já tem uma performance razoável e só precisa de um líder que recupere a sua motivação e outra bem diferente é ter de dirigir a partir de agora um time decadente. Isto é, dependendo do estágio evolutivo da equipe, o novo gestor precisa adotar estratégias bem diferentes se quiser obter sucesso de verdade.
Vejamos o caso de você ter de formar uma equipe do zero. A boa notícia é que poderá escolher com quem quer atuar levando em conta o perfil desejado e o tipo de trabalho que precisará ser desenvolvido. Quem monta o time é você e todas as pessoas o respeitam exatamente porque optou por elas.
Por outro lado, é comum que equipes recém-criadas tenham uma baixa produtividade porque seus integrantes evitam conflitos a fim de serem aceitos pelo grupo. É por isso que o líder precisa estreitar as relações com as pessoas o quanto antes a fim de evitar que erros tolos sejam cometidos apenas porque elas desejam, acima de tudo, aprovação social.
Também pode ser que você tenha de liderar uma equipe já formada, mas que ainda se encontra em processo de amadurecimento. Aqui a situação é bem diferente, pois conflitos internos infrutíferos e questionamentos sobre o papel de cada membro do grupo causam o caos e desperdiçam o tipo de energia vital que você gostaria de direcionar para algo bom.
Neste caso, antes de promover qualquer mudança, procure se informar sobre o desempenho das pessoas, o tipo de trabalho que elas vêm fazendo e os motivos principais das desavenças. Só assim poderá entender os reais problemas do grupo e mudar aquilo que trará os resultados esperados.
Você também pode ter de assumir uma equipe de alta performance, o que parece ser fácil, mas não é. Membros de times desta natureza podem achá-lo incompetente para liderá-los na nova fase e resistir àquilo que você diz nas primeiras semanas só para testá-lo.
Por isso, seu primeiro desafio será dar continuidade ao trabalho que já vem sendo feito e escutar aquilo que as pessoas têm a dizer. Assim, conquistará a confiança delas e terá condições de aplicar adiante as medidas que considera necessárias para melhorar ainda mais a performance do grupo. Objetivamente falando, vá devagar.
E por último, talvez a equipe que você esteja assumindo passe por um processo de estagnação. As pessoas não se desenvolvem mais, não estão motivadas, existe um clima de acomodação e você logo percebe que há um grande risco do grupo se tornar obsoleto se algo não for feito depressa.
Sim, você terá que dar um “chacoalhão” nesta equipe. Precisará encontrar uma nova visão de futuro, reformular os processos de trabalho, identificar e desligar as pessoas que não estão dispostas a encarar as transformações e trazer gente nova que oxigene o time. É preciso ser firme ou nada vai mudar.
No dia a dia vejo pessoas bem-intencionadas cometendo erros gravíssimos quando passam a liderar uma nova equipe de trabalho simplesmente porque não param para entender o estágio evolutivo em que o grupo recém-assumido se encontra. Não compreendem os sinais que alguém mais atento logo captaria.
A liderança não comporta receita pronta ou script rígido, mas é insanidade ignorar alguns princípios que são universais na hora em que alguém precisa conduzir um grupo de pessoas. O primeiro é você fazer um bom diagnóstico do tipo de equipe vai liderar, depois refletir o melhor caminho a seguir, manter o bom senso e só então colocar em prática aquilo que considera a coisa certa a fazer.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.