Muita gente compreende os termos empreendedor e empresário como sinônimos, mas a verdade é que um cria negócios e o outro é responsável por perpetuá-los.
Existem diferenças entre empreendedor e empresário? Muita gente compreende os termos como sinônimos, mas a verdade é que eles dizem respeito a papéis distintos e complementares. Um equívoco conceitual que na vida prática tem colocado em risco inúmeras empresas mundo afora.
Empreendedor é quem identifica oportunidades e gera riquezas a partir delas. No mundo do trabalho, aquele tipo de pessoa que é capaz de criar uma empresa ou negócio a partir de uma simples ideia. Empresário, por sua vez, é todo indivíduo que tem competência para perpetuar essa mesma empresa ou negócio. Que consegue fazer crescer e prosperar aquilo que foi concebido e ainda precisa amadurecer.
Algumas pessoas se tornam grandes empreendedores, mas permanecem empresários medíocres; outros, exatamente o contrário. Poucos indivíduos são, ao mesmo tempo, empresários e empreendedores competentes. Veja o caso do Eike Batista: ninguém questiona a sua habilidade para vender planos de negócios fantásticos, a sua falta de traquejo surgiu apenas quando ele teve de colocar em prática tudo aquilo que havia prometido aos investidores.
É muito difícil ser bom nesses dois papéis, pois eles exigem competências bem diferentes. Enquanto o empreendedor precisa ser apaixonante quando comunica sua visão acerca do futuro e demonstrar um nível de ousadia bem acima da média, o empresário geralmente convence as pessoas com base em argumentos concretos e toma decisões em conformidade com aquilo que analisou.
É por isso que empreendedores tendem a ser topetudos, apressados, péssimos ouvintes, emocionalmente instáveis e ainda conservam um nível de autoconfiança que às vezes beira a arrogância. Quem precisaprovocar rupturas, ser muito seguro acerca daquilo em que acredita e ainda está disposto a enfrentar eventuais fracassos realmente necessita ter alguns atributos fora da curva.
Por outro lado, empresários bem-sucedidos manifestam um comportamento menos efusivo e não se afetam tanto ao enfrentar problemas de última hora. Organizados, pacientes e atentos aos detalhes que cercam a administração do negócio no dia a dia, sabem que precisam entender o porquê das coisas nos mínimos detalhes se quiserem alcançar resultados consistentes ao longo do tempo.
Conheço muitos sócios que se complementam. Quem tem um perfil empreendedor, por exemplo, toca a área comercial ou de desenvolvimento de produtos, enquanto que o empresário fica com a responsabilidade de gerenciar o setor administrativo-financeiro.
Contudo, nem sempre os perfis casam. Certa vez trabalhei num projeto em que os três sócios tinham traços empreendedores, ou seja, sobrava energia para novos negócios, mas ninguém cuidava dos controles gerenciais básicos. Assim que a empresa cresceu, os problemas se avolumaram de tal forma que não houve saída a não ser orientá-los a contratarem um executivo de fora para fazer o que eles não faziam.
Uma outra questão prática é que os jovens tendem a alcançar sucesso primeiro como empreendedores e depois como empresários. Qualquer pessoa com uma boa ideia na cabeça e muita vontade de fazer acontecer pode abrir seu negócio, mas resolver os problemas típicos de uma empresa em decadência ou que cresce muito rápido exige aquele tipo de experiência que leva algum tempo para ser adquirida.
A grande questão hoje em dia é que uma companhia não chega muito longe se ela não contar com estas duas figuras em sua direção. Alguém que desacomode todo mundo, pense fora da caixa e desperte o olhar para novas possibilidades e, ao mesmo tempo, gente centrada, pragmática e analítica que não costuma se empolgar com qualquer coisa.
Se você e seu sócio batem cabeça muitas vezes e assim mesmo continuam juntos porque os negócios vão bem, é quase certo que se completam. Por outro lado quem tem muitas ideias, mas não consegue executá-las sozinho, precisa se unir a alguém com perfil empresário. Já se você é um ótimo executor, mas aindatem medo de começar as mudanças, encontre logo um parceiro empreendedor.
É possível ser empreendedor e empresário ao mesmo tempo, porém dificilmente alguém consegue cumprir os dois papéis com maestria. Se você se unir à pessoa certa, os dois irão mais longe. Pense nisso!
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.