Na hora de promover um choque de gestão muitas empresas recorrem a executivos de renome no mercado com a expectativa de que eles consigam levar a empresa a um novo patamar. Porém, é preciso ser cuidadoso com o “canto da sereia” dos carreiristas.
Chamamos de executivo carreirista aquele profissional que enxerga a passagem pela sua empresa como um trampolim para voos ainda mais altos no futuro. E, consequentemente, alguém que não pensa duas vezes em deixá-los na mão se surgir uma proposta mais atraente.
Creio que você conhece essa história: com menos de um mês de empresa o novo gestor propõe mudar quase tudo, monta um plano de ação repleto de lacunas, ancora sua liderança em um discurso motivacional empobrecido e, algum tempo depois, quando percebe que executar suas próprias ideias não vai dar em nada ou levará muito tempo, dá um jeito de ir embora.
E é claro, temos também o forasteiro que logo implanta uma gestão ditatorial para viabilizar resultados de curto prazo, semeando o medo dentro da organização sem remorso algum. E, quando vê que a corda está para estourar cai fora, deixando para o sucessor um rastro de destruição.
Se a sua empresa vem cometendo o erro de contratar executivos carreiristas seguidamente, o moral da equipe deve estar em frangalhos e muita gente já não acredita mais em tempos melhores. Pior: é bem provável que a maior parte das pessoas esteja participando de projetos seletivos em outras companhias.
Algum tempo atrás, abordando esse assunto em um treinamento, escutei um dos participantes afirmar: “Na empresa em que trabalho o meu superior direto mudou quatro vezes nos últimos dois anos porque todos desistiram do papel no meio do caminho. Agora, quando chega um novo gestor, eu nem escuto direito o que ele diz nos três primeiros meses para não me frustrar depois”.
Diante de tudo isso, a grande dica que eu posso compartilhar com você é: fique atento aos sinais que o carreirista emite desde a entrevista de emprego. Ele geralmente permaneceu pouco tempo nos últimos trabalhos, descreve suas credenciais no currículo com pompa e começou vários projetos interessantes, mas concluiu poucos deles. É charmoso, bastante comunicativo e egocêntrico.
Outro traço característico de executivos carreiristas é que construíram sua trajetória profissional em capitais ou grandes cidades. Eles declinam propostas do interior – ainda que atraentes –, pois sair do radar dos headhunters é algo que atrapalharia seus planos.
A chegada de executivos competentes e comprometidos pode ser capaz de inspirar e instigar mudanças que precisam ser feitas em sua organização. Enquanto isso, os carreiristas só sabem criar tsunamis e depois deixá-los sozinhos para limpar a sujeira.
Pense nisso!
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.