Uma das competências mais importantes no mundo do trabalho atual é a capacidade de lidar com paradoxos. A destreza em trafegar por situações que envolvem contradição e que, por conseguinte, parecem ser inconciliáveis.
Quando você se esforça para equilibrar sucesso profissional e atenção à família, busca fazer mais com menos e exercita o marketing pessoal sem parecer convencido demais, por exemplo, está navegando por paradoxos.
E isso acontece porque na sociedade caótica em que vivemos qualquer escolha sempre passa por, antes de mais nada, saber enxergar as duas faces da moeda. Adotar o “e” em vez do “ou”. Aliás, é por essas e outras que Nassim Taleb ensina: “Podemos dividir as pessoas e a qualidade de suas experiências com base na exposição à desordem e ao seu apetite por ela”.
Mas, como operar com sucesso diante de contradições? O escritor e consultor norte-americano David Ulrich lembra que “a navegação através dos paradoxos não é uma característica inata, é antes um conjunto de comportamentos aprendidos que se traduzem em competências”.
Para uma melhor compreensão, Ulrich destaca 10 virtudes:
1) Saber lidar com a complexidade cognitiva. Respeitar o ponto de vista do outro, enxergar as diferentes perspectivas de qualquer questão e mostrar-se disposto a aprender novas ideias.
2) Ser socialmente cativante. Discordar sem ser desagradável, permitir a tensão sem discórdia e ajudar os outros a se sentirem melhor com eles próprios depois de se reunirem com você.
3) Manter relacionamentos em várias frentes. Dedicar tempo às pessoas de outras áreas da empresa e aprender com quem não pertence à sua zona de influência (na companhia ou fora dela).
4) Aprimorar a autoconsciência. Conhecer características-chave do seu perfil psicológico, ver além dos próprios preconceitos e julgar-se mais pelos seus comportamentos do que as intenções.
5) Apoiar-se num conjunto sólido de valores. Respeitar os pontos de vista dos diferentes grupos com os quais se relaciona, mas sem ceder em questões fundamentais.
6) Rodear-se de pessoas melhores e diferentes de você. Cultivar amigos que não partilham da mesma opinião e se aproximar de peritos que conhecem mais do que você a fim de ajustar as suas ideias.
7) Incentivar a divergência e a convergência. Gerar alternativas quando a equipe tende ao pensamento grupal e assegurar a execução se o problema costuma ser o excesso de diversidade.
8) Usar um protocolo de decisões. Estabelecer o que precisa ser decidido, quem possui autoridade para efetuar a escolha, até quando e com base em quais critérios.
9) Ter uma mentalidade de crescimento. Assumir riscos para experimentar coisas novas, aprender com aquilo que deu certo e o que deu errado e ser flexível para promover os ajustes necessários.
10) Diminuir e aumentar o foco. Estabelecer um objetivo global, enxergar o sistema e identificar como as peças se encaixam, mas também saber cuidar dos pormenores.
Pense nisso!
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.