A forma com que você lida ao demitir alguém da ideia ao time que permanece sobre como poderão ser tratados no futuro.
Até mesmo os melhores gestores de vez em quando têm de lidar com a desagradável missão de informar a um funcionário que ele não faz mais parte dos planos da empresa e está dispensado. Situação que se torna ainda mais difícil se a pessoa em questão reage mal à notícia ou a condução é feita por alguém inexperiente ou desqualificado.
Aliás, quando o dispensado demonstra surpresa significa que a sua comunicação com o líder era falha, afinal se este colaborador estivesse recebendo feedback acerca do seu baixo desempenho não haveria uma frustração considerável e nem mesmo uma provável reclamatória trabalhista posterior decorrente do desligamento mal conduzido.
Também é preciso deixar claro que a demissão do trabalhador deve ser feita pelo seu gestor direto. Aquela história do profissional de RH dar a “má notícia” é um equívoco e tanto, afinal este é um ônus da liderança. É claro que vale a pena contar com a presença de um profissional especializado para esclarecer eventuais dúvidas relacionadas às verbas rescisórias e mediar um clima amistoso, mas quem deve conduzir os trabalhos é o superior imediato.
Porém, antes de informá-lo a respeito do desligamento é aconselhável fazer um backup de todos os documentos que existem no computador do profissional que está de saída. Infelizmente, já ouvi inúmeros relatos de pessoas que apagaram todos os registros do seu trabalho a fim de complicar a vida dos substitutos. Logo, não se trata de desconfiança e sim de zelar pelo patrimônio da empresa.
Quanto à data e horário, se possível o comunique da decisão logo no início da semana e evite fazê-lo próximo a datas festivas, como o Natal, pois além de tirar o emprego desta pessoa você também acabará com o final de ano dela ou provocará um sofrimento desnecessário. Com relação ao local, escolha uma sala na qual vocês possam conversar a sós e sem que ela se sinta humilhada publicamente.
Durante a conversa, evite longas explicações e nada de fazer brincadeiras ou contar piadinhas. Além disto, seja claro, pois não é incomum que o funcionário acredite se tratar apenas de uma repreensão ou coisa do gênero e depois questione sua decisão a fim de revertê-la. Ou seja, nada de tecer elogios exagerados ou ficar pedindo desculpas, pois ele certamente dirá: “Então por que você está me dispensando?”
Outra dica importante: tome cuidado para não deixar este tipo de informação vazar, pois é muito desagradável ficar sabendo da demissão por terceiros. Entretanto, assim que possível informe os demais membros da equipe sobre o desligamento a fim de evitar que as conversas de corredor promovam terrorismo ou reforcem informações inverídicas.
E se ele solicitar uma carta de recomendação? Neste caso só prometa indicá-lo a um terceiro se for cumprir sua palavra ou então diga que infelizmente não poderá fazê-lo, sem entrar em detalhes. Mas é claro que se o profissional tiver maturidade suficiente para escutá-lo, você poderá explicar os motivos para ajudá-lo a não cometer os mesmos erros adiante.
As empresas precisam ter ciência de que a rotina de demissões é extremamente danosa para quem almeja conservar um bom ambiente de trabalho e um desempenho excepcional. Todavia, para isto precisam focar seus esforços o quanto antes na contratação das pessoas certas e na capacitação das mesmas, bem como saber que algumas vezes será necessário agir rápido para distanciar aqueles que não devem permanecer no barco.
Quando assim atuam, são justos com a pessoa demitida – que poderá reescrever sua história em outro lugar – e com a própria organização – que terá a chance de contratar logo a pessoa de que precisa. E mais: a forma com que você conduz a demissão de alguém dá um sinal claro àqueles que permanecem sobre como poderão ser tratados no futuro, tanto nas horas boas quanto nas ruins.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.