Quando o assunto é formação de executivos nenhuma companhia mundial consegue igualar aquilo que a GE já vem fazendo há algumas décadas. Ano após ano a empresa investe mais de US$ 1,2 bilhão nos programas de capacitação gerencial realizados em Crotonville, seu conhecido centro de treinamento fundado há mais de 50 anos nos EUA.
É claro que os números precisam ser astronômicos, afinal de contas estamos falando de uma das maiores empresas do mundo, que atua em mais de cem países, emprega aproximadamente 300 mil colaboradores e está presente em diferentes ramos, desde a fabricação de turbinas de avião até negócios de entretenimento.
Creio que o processo de seleção que a companhia conduziu algum tempo atrás para definir o sucessor de Jack Welch, seu CEO e reconhecido por muitos como o maior executivo do século XX, talvez seja o exemplo ideal para explicar como uma empresa meritocrática costuma ser agressiva quando precisa escolher quem vai conduzi-la rumo ao futuro.
Welch ingressou na GE em 1960 e galgou inúmeras posições de liderança até tornar-se chairman em 1981. Permaneceu neste cargo durante exatos vinte anos – quando se aposentou – e tornou-se um mito ao implantar com sucesso estratégias que ajudaram a multiplicar por 30 o valor de mercado da companhia.
A seleção
O processo de escolha do seu sucessor levou ao todo seis anos e cinco meses e quando restaram apenas três candidatos dos quarenta que foram pré-selecionados, o próprio Welch iniciou a última etapa lhes dando um grande ultimato: “A partir de hoje os senhores estão formalmente demitidos dos seus cargos e terão seis meses para capacitarem alguém que ocupará a posição de vocês. Aquele que melhor cumprir essa missão será o próximo presidente da companhia!”
[su_pullquote align=”right”]Jack Welch, ex-CEO da GE, é reconhecido por muitos como o maior executivo do século XX.[/su_pullquote]
Durante palestra realizada em São Paulo alguns anos atrás, Welch foi questionado acerca dos motivos que o levou a demitir os outros dois candidatos ao final do processo, apesar de serem também muito competentes. Sua resposta foi a seguinte: “A minha sucessão foi desgastante para todos nós e os outros dois candidatos tiveram uma carreira tão brilhante na companhia até aquele momento, que eu não poderia deixá-los ali sendo percebidos como perdedores, quando realmente não o eram”.
E posso afirmar que o mercado não ficou nem um pouco triste com a decisão dele. Pouco tempo depois de saírem da General Eletric, James McNerney e Robert Nardelli se tornaram, respectivamente, presidentes da Boeing e Chrysler, duas das mais admiradas empresas norte-americanas.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.