Você deve ter aprendido na escola que a maioria dos animais vive em grupos organizados. Cada espécie tem um líder alfa que toma as principais decisões e define o papel dos demais membros. E estes, por sua vez, procuram obedecê-lo e seguir as regras.
Trata-se de um fenômeno chamado de hierarquia de dominância, que foi observado pela primeira vez em 1922 por Thorleif Schjelderup-Ebbe, um zoólogo norueguês. Ao analisar o comportamento de galinhas domésticas, ele descobriu que cada ave ocupa um lugar específico no poleiro, de acordo com a sua força.
A galinha alfa tem o direito de bicar o galinheiro todo, sem correr o risco de ser revidada. Quem está logo abaixo dela na estrutura pode ferir todas as demais – menos a alfa – e assim sucessivamente. Ou seja, as bicadas servem para definir quem é que manda e quem obedece.
Hierarquia de dominância nas empresas
Não fique ofendido com a comparação, mas saiba que também existe uma ordem do poleiro na sua empresa. E não identificamos essa hierarquia facilmente olhando apenas o organograma de cargos. Aliás, com companhias cada vez menos verticalizadas, dificilmente enxergamos o equilíbrio de poder logo de cara.
Certa vez fui tocar um projeto e, no primeiro dia, alguém já me disse: “Como eu gostei muito de você e do seu trabalho, vou te dar uma dica preciosa. Se você quiser que esse projeto alcance sucesso aqui na empresa, seja amigo da Vilma ou, ao menos, não se torne inimigo dela”.
A Vilma era uma simples assistente administrativa no organograma, mas, ao mesmo tempo, a única pessoa da companhia que tinha acesso direto ao principal acionista, que geralmente permanecia fora do país. E, apesar de muitas pessoas não darem bola para ela, cumpria o papel de “olhos do dono”.
Mas, como mapear o espaço de poder que cada pessoa – incluindo você – e as diferentes áreas ocupam em sua companhia? É só responder as questões abaixo:
Onde está o dinheiro?
Alguns gestores esquecem que a sadia briga por um orçamento maior para o seu departamento não tem nada a ver com dinheiro e sim com mais ou menos poder dentro da organização. Dando um exemplo prático, se você olhar os salários dos gerentes e identificar discrepâncias na remuneração deles, é quase certo que o mais bem pago é aquele que tem mais força na empresa.
Quem toca os projetos estratégicos de verdade?
Quando alguém confia a você um projeto complexo e de alto risco é porque armou uma armadilha para derrubá-lo já no primeiro insucesso ou porque realmente acredita em sua capacidade de fazer acontecer. Até mesmo nas empresas moderninhas e horizontalizadas, o prestígio está depositado em quem administra as contas dos clientes mais importantes ou acaba escolhido para o primeiro voo da empresa em um novo mercado promissor.
Para quem você não consegue dizer “não”?
E fácil identificar as pessoas influentes na organização simplesmente acompanhando quem tem seus pedidos atendidos por outras pessoas, ainda que estas pudessem lhes dizer não. E ao fazer isso você perceberá que algumas delas ocupam cargos que estão bem distantes daquilo que poderíamos chamar de alto staff.
O quanto você bica e é bicado?
Não esqueça que seu grau de influência na companhia tem a ver com o quanto as pessoas estão dispostas a correr riscos na hora de se indispor com você e o quanto lhe custa se indispor com elas.
Pense nisso!
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.