Algum tempo atrás, eu conheci uma ideia poderosa que guia o trabalho de agrônomos no mundo todo e que também é aplicável ao mundo empresarial. Trata-se da Lei do Mínimo ou Barril de Liebig.
Criada pelo químico alemão Justus von Liebig em 1840, a Lei do Mínimo ensina: “O rendimento de uma safra é limitado pelo elemento cuja concentração é inferior a um valor mínimo, abaixo do qual as sínteses não podem mais fazer-se”.
Portanto, o crescimento de uma planta é restringido pela deficiência de qualquer um dos seus nutrientes essenciais. Se a quantidade de potássio aplicada nela, por exemplo, é inferior àquela necessária para o seu crescimento, a planta não alcança o desenvolvimento máximo possível. E mais: os demais nutrientes não compensam o déficit desse elemento químico. Não adianta enchermos de fósforo ou melhorarmos a irrigação.
Para explicar o conceito didaticamente, Liebig utilizava um barril e é por isso que o princípio também ficou conhecido como “Barril de Liebig”. Segundo ele, imagine que você tem um barril formado por ripas de madeira com o mesmo tamanho em todos os lados. Se quiser, é possível completá-lo de água até o topo, pois não existem falhas em canto algum.
Mas, e se esse mesmo barril possuir ripas de tamanhos diferentes ou pequenos furos em um dos lados? Neste caso, a água só alcança a altura da menor ripa ou do menor furo, pois tudo que é depositado acima da lacuna simplesmente vaza.
Trazendo esse princípio para o mundo da gestão, a Lei do Mínimo nos ensina que uma única lacuna não tratada pode ser capaz de colocar em risco todo o trabalho de gestão desenvolvido. Afinal de contas, uma corrente é tão forte quanto o seu elo mais fraco.
Estou apoiando um projeto no qual o objetivo da empresa atendida é construir um plano de crescimento sustentável para uma das suas principais áreas. Depois de algumas semanas de estudo, chegamos à conclusão de que três grandes ações são cruciais por lá: criarmos uma política de crédito atrativa a novos clientes, contratar vendedores que possam atender regiões descobertas e investir em uma linha de produtos que sempre foi colocada em segundo plano.
Porém, uma coisa que ficou bastante clara para eu e o gerente da área envolvido no projeto é que se não conseguíssemos o apoio da alta direção para a implantação de uma nova política de crédito, as duas outras ações praticamente não repercutiriam nos resultados de negócio. A Lei do Mínimo jogaria contra nós.
No caso em questão tudo se resolveu da forma esperada e estamos bastante animados com o desenrolar do trabalho. E na sua empresa, em quais situações o Barril de Liebig se aplica? Vocês têm atacado o problema principal com a atenção que ele merece?
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.