Os modelos de gestão norte-americanos que foram incorporados por boa parte das companhias brasileiras nessas últimas décadas ajudaram a modernizá-las, mas, por outro lado, também solidificaram uma cultura de sofisticação que pode ser extremamente danosa nos dias atuais.
Resultado: em várias dessas empresas, questões fáceis de resolver são encaradas como grandes problemas (tempestade em copo d’água) e soluções óbvias acabam descartadas justamente por causa do senso comum de que boas estratégias precisam ser complexas.
No mundo caótico em que vivemos, precisamos cultivar a simplicidade. As organizações que enveredam pelo caminho da complicação têm sido lentas demais na hora de agir. Elas esquecem daquilo que Leonardo da Vinci já afirmava no século XV: “A simplicidade, sim, é o último degrau da sofisticação”.
Tenha soluções simples
Valorizar o que é simples é, acima de tudo, estimular o potencial criativo das pessoas; afinal, pequenas e grandes ideias inovadoras que revolucionam o mercado, muitas vezes, são óbvias. Não é à toa que quando estamos diante de novas maravilhas nos indagamos: “Nossa! Como ninguém pensou nisso antes?”
Costumo abastecer o carro em um posto de combustível que fica perto da minha casa. Além dos caixas convencionais, com atendentes humanos, o estabelecimento conta um sistema de autoatendimento computadorizado. No entanto, boa parte dos clientes evita encarar os terminais disponíveis, pois o sistema não é nada intuitivo.
Soluções simples não têm nada a ver com soluções empobrecidas. Simplicidade é a capacidade de ofertar recursos fáceis que resolvam os problemas de maneira efetiva. Já algo simplista proporciona apenas resultados paliativos, sem tratar a questão central envolvida.
Também é importante salientar que soluções simples são tão eficazes – senão mais – do que aquelas altamente sofisticadas e possuem a vantagem adicional de estarem ao alcance de todos nós. Quem já não se deparou procurando uma fórmula mágica para resolver determinada encrenca quando a alternativa mais óbvia estava bem diante dos seus olhos?
Nas relações pessoais também é importante guiar-se pela simplicidade. Quanto mais clara e objetiva é uma mensagem, menos ruídos surgem pelo caminho e isso resulta na compreensão esperada. Assim, é admirável que você domine o jargão corporativo de A a Z, mas não precisa utilizá-lo a toda hora apenas para mostrar que é o “senhor sabe-tudo”.
E quais as pré-condições para desenvolvermos uma cultura de simplicidade nas companhias onde trabalhamos? Dentre outras coisas, precisamos tornar as estruturas menos hierarquizadas, criar ambientes mais informais, dar voz ao pessoal de frente, tratar os erros como oportunidades reais de aprendizado e divulgar para todos níveis da empresa as singelas iniciativas que deram certo. Simples assim.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.