A pandemia causada pelo novo coronavírus está colocando em xeque boa parte das regras de mercado que acreditávamos serem imutáveis. E o resultado é que, uma competência tida como patinho feio nos últimos quinze anos, voltou a ser relevante: a capacidade de adaptação.
Adaptabilidade
Até algumas semanas atrás, todo mundo se via pressionado a ser proativo. Antecipar movimentos antes que os problemas aparecessem. Identificar necessidades que nem mesmo os clientes sabiam possuir. Não ser pego de surpresa por nada nem ninguém. Mas, o problema é que, diante de eventos inesperados e avassaladores como esse, quase ninguém consegue ser proativo.
O que faz a diferença agora é realmente ter capacidade de adaptação. Não apenas aceitar as mudanças em curso, mas aprender rápido com elas e ainda executar as coisas de um novo jeito. Como diz o conhecido ditado: levantar, sacodir a poeira e dar a volta por cima. E é isso que tem guiado muita gente desde os primeiros dias da quarentena.
Empresas que sempre olharam a digitalização com cara de “isso é bobagem para nós”, estão revendo seus conceitos. Quem tinha um site capenga, o reformulou. Comércios que só atendiam presencialmente, passaram a fazer entregas para se manter em operação. Quem não sabia o que é um marketplace, agora vende em vários deles.
Soluções rápidas
No mundo do entretenimento, as “lives” de artistas tocando violão na sala de casa são a maior revolução musical desde o surgimento das plataformas de streaming. O que até tempos pré-confinamento era uma simples canja para manter algum contato com o seu público, virou a principal fonte de receita para muitos deles.
Já na área da saúde, a grande disrupção surgiu com a Portaria nº 467/2020, que finalmente regulamentou a telemedicina. Agora, hospitais e clínicas oferecem consultas em vídeo feitas por médicos que estão a quilômetros de distância da unidade de saúde para onde seus pacientes se dirigem. E os exames vão de saúde primária (aferição de pressão, por exemplo) a especialidades (como um eletrocardiograma).
As concessionárias de veículos, temendo uma grande retração nas vendas, também agiram rápido. São inúmeras as promoções na compra de carros zero com descontos de ocasião ou carência de até 120 dias para o pagamento da primeira parcela do financiamento.
E as escolas, hein? Muitas delas revolucionaram o seu processo de aprendizagem de uma semana para a outra. E, na maior parte das vezes, sem contar com um corpo de professores experientes em EaD. O modelo híbrido de ensino (misto de presencial e on-line), que levaria mais uns cinco anos até se consolidar, agora veio para ficar.
Em tempos como esses o que conta não é a capacidade de planejar o longo prazo, mas sim a agilidade para se adequar ao novo contexto. Quem testa rápido e erra rápido, aprendendo enquanto já coloca as ideias em prática, vai se dar muito bem nesse novo mundo.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.