Os efeitos do novo coronavírus no mundo dos negócios já são mais do que evidentes. Não dá para pensar que as coisas voltarão a ser como antes, assim que a pandemia for finalmente controlada. Existe uma nova ordem das coisas, apesar de ainda não sabemos bem qual ela é.
Em contrapartida, já existem algumas lições a serem aprendidas:
1) Não basta dominar tudo aquilo que acontece em seu negócio, você precisa entender de negócios. Compreender as inúmeras conexões que afetam o ecossistema de mercado e que nem sempre têm a ver com o nicho específico no qual a sua empresa atua. A maior ameaça aos restaurantes nunca foi o iFood e sim a real possibilidade do isolamento social forçado por conta de uma pandemia. E ninguém sabia disso.
2) A competência tática voltou a ser priorizada. Saíram de cena os planos de longo prazo, substituídos por metas de até 90 dias, que são acompanhadas semanalmente pela alta direção. A maior parte dos CEOs com os quais converso diz que retomarão estratégias robustas apenas quando compreenderem o novo tabuleiro. Ou seja, ainda vai levar algum tempo.
3) O home office veio para ficar. Muitas empresas que olhavam torto para o trabalho remoto até quatro meses atrás, agora já estão pensando em deixar parte do time trabalhando permanentemente direto de casa. E mais: sabem que não existem grandes problemas se contratarem colaboradores que moram do outro lado do mundo.
4) A maior parte dos acordos comerciais no mercado B2B continuarão sendo celebrados sem um aperto de mãos. Em vez de os vendedores voltarem à rotina de viagens, a maior parte deles atenderão os clientes direto do smartphone, como regra. Os encontros presenciais ficam reservados para eventos extraordinários – e olhe lá.
5) A comunicação com o cliente deve promover empatia. Ninguém mais aceita um tom agressivo ou apelativo em campanhas de propaganda, especialmente durante a recessão econômica que vem por aí. A genuína preocupação com o outro deve existir em tudo o que a empresa comunica ao mercado.
6) Ou você digitaliza o seu negócio de verdade ou se torna irrelevante. Independente do mercado em que a companhia atua, não dá mais para jogar todas as fichas no ambiente off-line. E sempre é bom lembrar que isso não se resolve com um site moderninho.
7) Não tente mais fazer as coisas sozinho. Estabeleça parcerias com outras empresas que também compõem o seu ecossistema, na hora de implementar alguma iniciativa arrojada. Inclusive, com concorrentes, se for o caso. A partir de agora, a disposição de compartilhar recursos e trabalhar em rede será crucial para o sucesso de qualquer iniciativa.
Ainda não sabemos quando e quais outras lições virão ao longo dos próximos meses. Mas certamente elas virão, acelerando tendências que esperávamos incorporar somente daqui a cinco ou dez anos. Cabe a cada um de nós a capacidade de identificá-las e adotá-las ao nosso novo modo de conduzir os negócios. E sem demora.
Palestrante e consultor empresarial especialista em Formação de Lideranças, Desenvolvimento Gerencial e Gestão Estratégica, também é professor universitário em cursos de pós-graduação. Mestre em Administração de Empresas, possui MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e é autor dos livros “Líder tático” e “O gerente intermediário”, ambos publicados pela Ed. Qualitymark.